Os marcadores de página são companheiros inseparáveis. Não recordo exatamente quando essa espécie de fetiche começou, mas remonta-se aos meus primeiros contatos com a leitura.
E com "leitura" me refiro àquela aproximação que se tornou deliberada e progressivamente compulsiva a partir do colegial, em contraponto às chamadas leituras obrigatórias (e necessárias) da vida escolar.
Estar com um livro na mão passou a prescindir desses dois (entes) objetos: o lápis e o marca-página. O ambiente torna-se quase irrelevante. Cama, sofá, banco do ônibus, rede (uma rede...) tanto faz. Mas, sem eles, não parece leitura. É um ver sem ler, ato rebelde, não canônico.
Dos muitos e irrefletidos rituais de minha vida, automáticos, não-conscientes, este talvez seja um dos últimos aos quais encontro coragem para justificar sua solenidade. Não me sinto pronto e devidamente confortável até ter escolhido um marcador à estatura do título que tenho em mãos.
Não necessariamente sou um colecionador. Evidente, contudo, que minha dileção por uns implica em escanteamento de outros. Pobre vida desses enciumados e ainda intocados marcadores.
Mas os velhos marcadores... Quase todos surrados, amarelados; alguns por certo que suplicando por outros ares. Nunca consultados. Suspeitosos a princípio, capitulam totalmente após a virada da página 30.
Confidentes de tantos autores, peregrinos de tantas páginas, cúmplices dos mais ambíguos sentimentos e reações. Ecléticos, passeiam entre autores de tantas culturas e nacionalidades. Iconoclastas, não frequentam páginas coloridas e ilustradas. Quadrinhos! Revistas! Nem pensar: honra inviolável. Agora, se este gênero se estender à arte de gênios como Will Eisner e Art Spiegelman, passeio liberado.
Fiéis protetores da boa literatura, seja lá o que isso signifique para outros leitores.
Ah, esses marcadores ampliam, e como ampliam, meu círculo de amigos. São interlocutores nas "conversas silenciosas" com os amigos vivos e com os amigos mortos, ambos, no entanto, perenizados através da atemporalidade de seus escritos, definidora, sim, do que convencionou-se chamar de clássico.
Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirO meu marcador de páginas virtual (a ferramenta de seguidor do blog) já está ativado!
abraço
Parabéns meu caro amigo.
ResponderExcluirSe conversar contigo já era fonte de prazer, lê-lo será ainda mais.
Abraços.
Allen, vc é um de meus blogueiros favoritos.
ResponderExcluirRonney, sua amizade é inspiradora!
Prezado Márcio, de fato é um prazer ler os seus textos. Estou contente de ter conhecido Paulo e agora por meio dele, você. Ao ler os seus textos e perceber seu amor pela leitura, fico ainda mais encorajado a lutar para infundir em meus filhos a mesma paixão, para que eles sejam homens sirvam a Cristo da melhor maneira possível. Me tornei um seguidor do blog. Quando puder veja: http://educacaoreformada.blogspot.com/
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